sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A palavra do presidente

Foi mesmo A SENSAÇÃO do dia, conforme ele mesmo previra. O nosso presidente Lula, mas uma vez, se empolga em um discurso pelo país e usa a sua linguagem própria, jeito de falar sumariamente brasileiro e tão longe do convencional "presidenciês", para dizer o que o povo gosta. Anunciando a construção de casas pelo programa Minha Casa, Minha Vida, o presidente diz que quer saber "se o povo está na merda, porque ele vai tirar o povo da merda..." -- com sua licença, espectador, a palavra foi reproduzida numa tentativa de não se alterar a apreensão do discurso.

Logo em seguida, ele tratou de emendar que já sabia que os jornalistas e colunistas de todos os grances jornais iam cair em cima dele porque ele falou "merda" na televisão.  Ele deve ter imaginado, também, mesmo sem verbalizá-lo, que seria alvo, inclusive, de muitas piadas -- no mínimo, a clichê "o presidente falou merda no discurso, qual é a novidade?". Para diminuir o impacto, Lula disse que sabia que os jornalistas falam mais palavrão que ele todo dia. Ele estava certo: meus colegas de profissão foram pra cima feito urubu em carniça, mas também estavam certos.

Presidente, há um fundo de verdade no argumento que você escolheu para eufemizar o impacto de seu "palavrão". (eu, particularmente, não acho que "m..." seja palavrão, por isso as aspas; uso esta expressão aqui por não achar um termo melhor). Jornalistas, economistas, ministros, políticos, garis, advogados e boa parte da torcida do Flamengo usam, sim, muitos palavrões no seu dia-a-dia. Aliás, nós, jornalistas, falamos muitas palavras de baixo calão, mesmo porque, às vezes, para extravasar as muitas intempéries típicas da nossa profissão, palavras regulares não são suficientes.

Mas seu argumento está errado, Lula. Nossas "merdas", "f...as", "p... q... p...", "c..." e afins não são publicadas, veiculadas em rádio ou tv, ditas ao Deus dará para todo mundo ouvir. Nossa profissão não o permite. Esbarramo-nos nos limites de nossa deontologia e da moral, mesmo, por mais brega que esta palavra possa soar. (mas este é um post sobre palavras incorretas, mesmo...) Falar o que o povo quer ouvir, tentar exprimir 'revolta sincera' não justifica, literalmente, que você fale "merda". Outras expressões fortes poderiam representar o que você queria dizer. E, como representante máximo do Executivo, você deveria ter pensado nisso antes.

Mas, convenhamos, não é novidade nenhuma um político falar e/ou agir antes de pensar. Nosso país está na "m..." que está por causa disso.

Repórter entrevista mudo

O que se produz nas emissoras de TV deste Brasil às vezes é inacreditável... Ai, se as equipes de Bocão e Que Venha o Povo assistem a uma coisa dessas...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Desarmonia do Samba

O título e o toque foram do Kibe Loco. E merecem, MUITO, que metamos a língua! Domingo Legal chama a apresentação de Harmonia do Samba e a produção coloca música de outra banda pra tocar. A cara de Xanddy é impagável...



Falha Nossa, é claro!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Falha Nossa: Record e Globo News discutem ao vivo por causa de link

Não podia deixar de colocar aqui, mesmo com atraso, o vídeo da semana quando o assunto é imprensa. Na quarta-feira passada de manhã, no programa Hoje em Dia, a repórter Venina Nunes, da Rede Record, invade o link (transmissão ao vivo em locação fora do estúdio) da Globo News com fonte do governo que passaria informação sobre o apagão no dia seguinte ao ocorrido. Ela e a repórter da GN Camila Bonfim discutem, Celso Zucatelli, novo apresentador do Hoje em Dia, incita a intromissão no link, e o assessor de imprensa do Ministério de Minas e Energia dá um baita sabão na Record AO VIVÍVSSIMO.

Não foi primeiro lugar no Top Five do CQC à toa.


sábado, 14 de novembro de 2009

Cadê a peneira?

Esta semana, a TV Aratu trouxe ao conhecimento dos baianos o caso de um auxiliar de serviços gerais que achou uma mandioca fora do comum no seu quintal: a raiz, simplesmente, tem um metro e meio de comprimento e pesa 30 quilos. Sim, é isso mesmo. Por mais piadinhas infames que esta notícia possa gerar, os números são verídicos.

O Aratu On Line, portal da emissora, fez o que era esperado e também colocou esta notícia no ar, com fotos do tubérculo. Um espectador comentou o acontecimento -- e aí, o que poderia ser apenas infame, ficou grosseiro e de baixo calão. Ele comparou a mandioca ao pênis dele, mas usando um termo pior ("parece com a minha p...") e que não sou eu quem vai repetir.

O detalhe é que o erro pior não foi dele de fazer um comentário deste tipo num site de notícias. Foi da equipe do site de não filtrar o comentário e o retirar do ar. Não estou sendo moralista; apenas acho razoável pressupor que palavrões e termos de baixo calão não devem estar em sites de conteúdo informativo, pra todo mundo ver.

Amplie a imagem abaixo, em que aparecem as fotos da mandioca e o comentário do rapaz. Aqui, sem o palavrão.


domingo, 8 de novembro de 2009

ZINA, O HERÓI - Por Malu Fontes

Texto publicado no jornal A Tarde deste domingo, 08 de novembro:


O programa Pânico, que sempre tripudiou da privacidade de quem quer que um dia tenha tido 15 minutos de fama, resolveu dar lição de moral à população, ao resto da mídia e às autoridades públicas. Bastou um dos seus integrantes ser preso com cocaína para o programa de humor escrachado ficar seríssimo e bater pé contra o resto do mundo que divulgou ou consumiu a informação. Ora, não foi o Pânico que infernizou a vida da atriz Carolina Dieckmann e sua família, escalando até mesmo um edifício para filmá-la da varanda? Somente o impedimento judicial interrompeu o assédio.

O mesmo programa perseguiu o falecido Clodovil quase lhe causando um acidente de carro, com o propósito de fazê-lo calçar as tais sandálias da humildade. Uma unidade móvel da RedeTV fazia ponto em frente ao apartamento de Clodovil e em uma das investidas, exibida na TV, o programa usou um comboio de carros, um trio elétrico e um helicóptero para perseguir o costureiro no trânsito de São Paulo, com direito a fechadas em seu carro, tudo a pretexto de ridicularizá-lo e humilhá-lo.

MURRO – É também o Pânico que chega com suas câmeras e repórteres engraçadinhos nas praias badaladas do Brasil e até de outros países para ridicularizar o corpo das mulheres que não se encaixam no padrão Playboy. Não foi à toa que um dos integrantes da equipe levou um murro na cara, desferido por Victor Fasano e que o programa foi alvo de uma carta de repúdio de Wagner Moura, outra vítima da trupe, atingido na cabeça por um gel melequento, atirado pela equipe do programa, ao sair de uma cerimônia de premiação.

Mas como o corporativismo de qualquer integrante da raça que atende pelo nome de televisiva é sempre disforme, o mesmo Pânico que se acha no direito de tripudiar da privacidade de todo mundo subiu nas tamancas de raiva quando a imprensa noticiou que sua mais nova aquisição, um esquisitão que atende pelo nome de Zina, fora preso com cocaína.

HOLIFYIELD – É mérito não saber quem é o sujeito. Trata-se de um desses indivíduos inadjetiváveis que ficam famosos justamente pelo que não têm: cérebro. O tal foi contratado para ser freak porque gritou “Ronaldo’, de uma maneira tão abobalhada diante de uma câmera de TV que deixou claro que havia CID (Classificação Internacional de Doenças) para seu caso. Diante de qualquer grunhido, sílaba, palavra ou coisa pronunciada por Zina, os comentários de Reginaldo Holyfield na TV baiana tornam-se passíveis de decupagem e publicação em um livro que o consagrará à Academia Brasileira de Letras, onde obras piores com insetos no título já levaram péssimos autores a ganhar fardão de imortal.

Na primeira edição após a prisão de Zina, o Pânico deixou de lado o humor e passou infindáveis minutos atacando moralmente a imprensa, a TV, o diabo e o planeta por terem noticiado o fato. Sobrou lição de moral para todos os lados e quem duvidar do absurdo da coisa que vá resgatar a pérola no Youtube. A informação mais leve foi a de que ninguém poderia dizer um A do sujeito, pois 25% da população brasileira é igual a ele. Descerebrada e incapaz de dizer coisa com coisa? Não. Dependente química. Sim, o pânico acaba de revelar um assombro nacional: um quarto dos brasileiros é dependente químico.

A Polícia e o Ministério da Saúde tiveram sua incompetência ressaltada em entrevistas de populares e picaretas de plantão. Zina? Ora, foi descrito como uma criança, um ser puro com quem todos na equipe aprendem nobreza. Apresentadores foram às lágrimas diante da história trágica da condenação moral de um herói da TV.

BEATIFICAÇÃO - Alguém vê reação semelhante quando esses meninos ferrados das periferias são assassinados acusados de tráfico? Quem já viu a RedeTV comprando uma briga dessa natureza diante dos mortos nos tiroteios com os quais a TV faz a trilha sonora de fundo do jantar dos brasileiros? Entretanto, um desorientado pago para ser bobo da corte, o mais freak entre os freaks numa atração de TV, é preso por droga, vira notícia e um país inteiro é acusado de omisso, irresponsável e algoz desse sujeito. Por que não aproveitam o embalo da piada e pedem logo ao Papa a beatificação de Luciana Gimenez, a outra estrela santa e intelectual da casa?

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Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura e professora da Facom-UFBA. maluzes@gmail.com

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Trash na rede

O trash ser moda na TV não é novidade. Programas como o Na Mira fizeram/fazem escola ao mostrar detalhes sórdidos do levantamento cadavérico do corpo de jovens vítimas de violência na capital baiana. Esta pauta é velha... mas recorrente. E na Internet, onde parece-se que se pode tudo, a vigilância sobre o mau gosto é ainda mais difícil.

O que dizer de um site de notícias que divulgou a foto de uma ossada de uma adolescente -- e ainda colocou a foto dela do lado, para que se soubesse quem seria a morta?

Não há muito o que dizer. As palavras que adjetivam tal ultraje já são conhecidas por quem tem ao menos um pouco de bom senso.

Aconteceu no sul da Bahia e este é o fato sórdido...

domingo, 18 de outubro de 2009

As manchetagens do asterisco

Nossa, a cada dia me vejo inspirada a criar uma editoria própria para as manchetes do Correio*. Mas não que o merecimento de uma tag própria seja por mérito. E os deméritos foram tantos que nem dá pra lembrar -- mas cito alguns. O jornal já personificou o mal em um jovem acusado de pedofilia (você viu isso aqui), misturou Índia com o futebol baiano (você também viu isso aqui), tratou como novidade, quase um disparate, o caso de um policial militar prender outro em flagrante por desacato (desde quando isso não pode?), culpou Rubens Barrichelo pela mola que se soltou do nada e atingiu Felipe Massa ("viu o estrago, Rubinho?")... Isto em edições anteriores. A de hoje merece um intertítulo à parte.

Metralhadora - Já começa na capa -- Rubinho foi o alvo outra vez. Em referência ao fato de, até então, ser o único brasileiro com (fortes!) chances de vencer o campeonato da Fórmula 1 deste ano, o jornal escreve "O jeito é levar fé em Rubinho!", como se isto fosse algo doloroso, de quem não tem mais esperanças e está no corredor da morte.

Na página 3, a primeira notícia do jornal relata a guerra contra o tráfico de drogas na capital Rio de Janeiro, em que, além de muitos mortos, um helicóptero foi abatido a tiros esta semana. O título é megalomaníaco: "Pior, só no Iraque". Acho que eles são realmente míopes. Ainda sobre violência, os apelidos utilizados por criminosos e traficantes na Bahia virou tema de matéria nas páginas 12 e 13. O título: "Galera do mal viaja em cada apelido!" Tá, gente, espera aí. Recursos de oralidade são uma coisa. Linguagem popular é outra coisa. Mas este título é sem comparação... Só faltou o "vú?".

Não digo que o jornal é de todo ruim. Conheço ótimos profissionais que fazem parte de seu quadro. E o veículo também traz temáticas interessantes em parte de suas reportagens. Mas o problema é confundir linguagem popular e acessível com subestimação de inteligência. O povo pode ser povo, mas não é otário.


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Se quiser sugerir uma "manchete do Correio*" para virar post aqui no Metalíngua, sinta-se à vontade! Escreva para metalinguanaimprensa@gmail.com.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Barrigada: um baiano entrega o outro

Não tem jeito, era previsível: o nascimento de Marcelo, filho de Ivete Sangalo com Daniel Cady (sim, imprensa, ele existe...), ia inflamar os colunistas e jornalistas de axé da Bahia em busca do furo perfeito -- a primeira foto exclusiva do menino. Mas, já diriam os sábios do jornalismo: a pressa é inimiga da apuração!

Desrespeitando esta máxima, o Holofote, do Bahia Notícias, deu uma barrigada -- e o termo não poderia ser melhor nestas circunstâncias. A revelação foi do Estourados, concorrente dele no Itapoan On Line. O fotógrado do Holofote fotografou uma pasta segurada por Daniel Cady em que constaria, na capa, a foto de Marcelo. Aí, pronto! Tascaram-lhe logo uma manchete no BN. Só que o pessoal do lado baiano de Edir Macedo na internet tratou de revelar que esta foto seria, na verdade, uma imagem de outro bebê que apenas ilustra a pasta, sendo igual para todos os pais.

Ficou feio para o Holofote, que teve que se corrigir depois (pelo menos isso...). Bastava fazer uma pergunta para algum funcionário da maternidade e este mico ainda estaria escondido na floresta...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Depois das "delegatas"...

... Eu já deveria ter imaginado. Eles não arranjariam personagens de só um lado da faca. Depois de veicular em agosto uma mega matéria com três mulheres qque seriam algumas das delegadas mais bonitas do estado -- e que são destaque de beleza e eficiência na Polícia Civil de Salvador, foi a vez de trazer colírios para os olhos femininos -- ou de homens gays, para ser mais politicamente correta.

O Correio* de ontem destacou alguns dos homens da Polícia Rodoviária Federal como agentes de muita beleza e ótimo trabalho nas estradas. O formato foi o mesmo do texto das "delegatas" (sic): matéria que realça atributos físicos e de trabalho dos personagens, além de, é claro, fotos posadas. (só que, no caso das delegadas, elas posaram em estúdio...)

Até aí, nenhum pecado em realçar qualidades físicas dos agentes rodoviários federais -- isso pode até ser positivo, levanta a autoestima deles, os coloca em voga, enfim. Mas, uma matéria como esta (e grande, ocupando pelo menos duas páginas do jornal além do destaque da capa) não tem razão para ser publicada com esta dimensão e este tema em plena segunda-feira! Que critérios de noticiabilidade são estes? "Caiu a matéria Vida/Mais do dia e vamos colocar uma que era do fim de semana"? Os jornais de segunda-feira costumam ser bem quentes, com saldo de crimes e acidentes de trânsito do fim de semana. Mas, o mais próximo de quente que o Correio* de segunda chegou foi subir a temperatura hormonal das mulheres que gostam de homens de uniforme.

Clique aqui para ler a matéria.

Alfinetada

Ah, se isto fosse verdade, daria um bom pano pra mangas... daquelas produzidas em série!!!


segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Novidade na Globo: Sagrado

A TV Globo estreou um novo programete na sua grade, o Sagrado. O objetivo do programa é ouvir reperesentantes de diversas religiões para saber suas abordagens sobre os problemas do mundo, as guerras entre países e cotidianas, a opinião sobre as questões do dia-a-dia. Qual o papel deles no nosso cotidiano e como eles nos ajudam a compreender/conviver com nossos problemas?

E são vários líderes religiosos mesmo: no primeiro programa, que você assiste abaixo, a voz foi dada a uma líder do candomblé. Mais à frente serão ouvidos representantes do catolicismo, budismo, judaísmo, islamismo... A atração só tem dois problemas:

* o horário incoveniente -- depois do Globo Rural, com o especial sendo reproduzido depois da Santa Missa em pleno domingo de manhã cedo!
* a duração -- a vinheta coloca a maior expectativa, mas os vídeos são de dois minutos... pouco se ouve dos líderes religiosos.

Mas a ideia é, sim, válida, o tema é interessante e trata-se de um produto relativamente diferente dos outros oferecidos pela emissora. Quem puder, vale a pena conferir. E se não der pra acordar, basta acessar o portal de vídeos da Globo...

Assista ao primeiro programa abaixo:

sábado, 3 de outubro de 2009

Olimpíada no Brasil: uma heresia?

Texto de Heloisa Helena Baldy dos Reis disponível no Estadão. Dica de Malu Fontes. As fotos são do site do governo do Rio de Janeiro (desculpem-me a falta de créditos nas fotos, estou sem editor no momento).


Vários dos mais importantes veículos de comunicação do País viveram uma semana de euforia em torno da eleição do país-sede para a Olimpíada de 2016. O que se viu foram, com raras exceções, apelos de jornalistas e editoriais para tornarem suas opiniões a expressão do sentimento nacional sobre o tema. Os críticos da candidatura brasileira ficaram de fora dos principais noticiários. A academia, até agora, se omitiu.


O Brasil é um país de grandes desigualdades, mas também de um povo receptivo e alegre. Tais qualidades ganharam destaque no discurso presidencial em Copenhague. Mais uma vez, as marcas da "brasilidade", reconhecidas mundialmente, foram apropriadas pelo marketing político-esportivo. O chefe da nação fez questão de registrar na sua fala o esforço de seu governo para que 30 milhões de pessoas deixassem a linha de pobreza nos últimos anos, bem como outros 20 milhões de brasileiros fossem incluídos na denominada classe média. Como torcedores nas arquibancadas de um estádio, Lula e sua comitiva vibraram com a escolha do Rio de Janeiro. Mas, afinal, será uma heresia organizar a Olimpíada no Brasil?

Se olharmos para a recente experiência do Pan-Americano no Rio, a resposta seria positiva. Ninguém desconhece que os legados que a competição deixaria para a cidade ficaram muito longe do prometido. Nada de despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas, da ampliação do metrô e da utilização dos equipamentos esportivos em prol de novos projetos esportivos.

Os gastos exorbitantes com o Pan de 2007 (mais de R$ 4 bilhões, quase dez vezes o estimado inicialmente) não se justificaram sob esse aspecto. Além disso, ninguém foi responsabilizado pela má organização do evento ou pelo disparate dos recursos aplicados. A pergunta que muitos se fazem é: não teria o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que continua comandado pelos mesmos dirigentes da época, que responder solidariamente pelos erros cometidos?


Os poderes executivos e legislativos que estiveram empenhados no apoio ao projeto Rio 2016 deveriam aproveitar a oportunidade para colocarem-se a serviço da democratização do esporte no País, por meio da proposição de leis que incentivem a alternância no poder das entidades esportivas e inibam a relação perversa existente entre elas e o Estado. Tais agremiações, embora sobrevivam quase que exclusivamente do dinheiro público, demonstraram desprezo pela prestação de contas à sociedade.

Com a escolha do Rio para sediar os Jogos de 2016, novas promessas virão e um novo sonho será vendido à população. Caberá à sociedade em geral, e à imprensa em particular, fiscalizar o cumprimento das juras.

Há no mercado nacional e internacional livros que denunciam esquemas armados em torno dos megaeventos esportivos. Alguns dos títulos são: Senhores dos Anéis, de Andrew Jennnings e Vyv Simson, uma investigação jornalística sobre os bastidores da Olimpíada de Barcelona; e Invasão de Campo: Adidas, Puma e os bastidores do esporte moderno, de Barbara Smit. As denúncias ali existentes servem de alerta para o Brasil.

As expectativas de atletas e ex-atletas brasileiros em torno da realização do megaevento em nosso país talvez sejam a maior evidência da ideia de que a Olimpíada possa renovar a esperança que o esporte nacional mereça mais atenção e investimentos. Não me refiro apenas ao aumento da verba orçamentária destinada ao Ministério do Esporte, medida necessária, mas também à urgente necessidade da construção de um Sistema Nacional Esportivo. O lamentável é que o brasileiro, apresentado pelo presidente Lula como "um povo que tem alma, calor, gingado, cor", tenha tido que esperar por essa oportunidade para ter ainda alguma esperança.


"É a hora e a vez do Brasil", insistiu o presidente. Renovam-se, pois, as esperanças. Sim, espera-se que sejam adotadas, além das medidas já mencionadas, ações como a construção de novos equipamentos esportivos, com a devida destinação orçamentária para sua manutenção, bem como a reforma dos já existentes. Somente assim os brasileiros poderão assistir à Olimpíada de 2016 e dizer que, de fato, valeu a pena.

É preciso afirmar, no entanto, que as manifestações contrárias à promoção do megaevento no Rio em 2016 foram totalmente legitimas. A história brasileira é prova dos abusos nos gastos de recursos públicos promovidos por dirigentes inescrupulosos. E o Pan do Rio, o caso mais recente disso.

Antes dos Jogos, o Brasil ainda promoverá a Copa do Mundo, em 2014. Esta também consumirá muito de dinheiro público, embora os governantes tenham garantido no passado que isso não ocorreria. Não acredito que o direito de sediar a Copa de 2014 tenha interferido na escolha do Rio para abrigar os Jogos de 2016. Os interesses da Fifa e do COI, pelo menos no que se refere ao esporte bretão, nunca foram convergentes. A presença do presidente de honra da Fifa na defesa da candidatura brasileira teve muito mais a ver com o seu bom trânsito internacional no mundo esportivo do que com uma legitimação das aspirações brasileiras pela entidade que ele representa. O Rio foi a cidade vencedora, entre outros aspectos, por suas belezas naturais, pelo ineditismo que a América do Sul representa, pela excelência do projeto apresentado e pelo carisma do presidente Lula.

Penso que para um país pleitear a promoção de um megaevento como os Jogos Olímpicos, este deveria ser possuidor de uma cultura esportiva que permita o acesso da sua população às diversas modalidades.

Sete anos nos separam da abertura dos Jogos. Fica a expectativa de que o País consiga avançar nas políticas públicas de inclusão da população nas práticas esportivas, rendimento e promoção da saúde. Assim como ocorreu com o Pan 2007, quando os governantes que pleitearam a realização do evento não foram os mesmos que o executaram, muitos dos atuais agentes não estarão mais ocupando cargos públicos. Assim, é preciso que elaborem orçamentos e contratos condizentes com a realidade do País, para que no futuro não tenhamos que nos envergonhar pela quebra de mais um recorde mundial da irresponsabilidade.

*Professora de sociologia do esporte da Faculdade de Educação Física da Unicamp e autora de Futebol e Sociedade (Liber Livro, 2006).

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Mais uma: Globo com nova afiliada no Ceará


Deu no Portal Imprensa: hoje a Rede Globo inaugurou a sua 122ª (tente dizer isso por extenso) emissora no país: a TV Verdes Mares Cariri, na região de Juazeiro do Norte, no Ceará. É a segunda afiliada da Globo no estado nordestino e, de acordo com o site do Departamento Comercial da Rede, deve cobrir 66 municípios, atingindo 1,7 milhão de pessoas.

Mais uma pra lista: são as tachinhas coloridas da Globo tomando o mapa do Brasil!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Blogueira de 'O Globo' em plágio de blogueiro do 'JB'

Quem nunca viu casos de jornais concorrentes se plageando? Não seria novidade. Agora, mostro pra vocês uma notícia de blogueiros de jornais concorrentes em um caso de plágio.

Conforme noticiado por Sérgio Matsura, na página 1º Caderno do Portal Comunique-se, no dia 26 Maria Helena colocou em seu blog, hospedado no site de O Globo, o post "A praia do carioca começa na Lapa" . O detalhe é que copiou na íntegra sem ter citado a fonte, o editor do caderno Cidade do Jornal do Brasil, Marcelo Migliaccio. O texto foi publicado no diasete deste mês também em um blog, o Rio Acima, e fala sobre o processo de produção do biscoito de polvilho Globo, tradicional nas praias cariocas. De acordo com o 1º Caderno, em vez de crédito para o autor, o post exibia um "Enviado por Rial".

Quem acessa o blog de Maria Helena agora vê o crédito em letras garrafais... Que feio, hein?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Vilanias

É possível personificar o mal? Fazê-lo assumir uma forma humana, única, situá-lo em apenas uma pessoa? As questões poderiam ser apenas de uma discussão de cunho religioso mas, na verdade, estiveram recentmente inseridas nas arguições do campo jornalístico.

A semana teve uma cobertura em Salvador que ficou entalada em minha garganta todos estes dias. Um velho assunto infelizmente queridinho da mídia que foi, naturalmente, capa dos poucos jornais da capital: retomo aqui o caso do estudante de medicina que foi preso por pedofilia em Abrantes, região metropolitana de Salvador, destacando como um veículo já conhecido deste blog consegue ultrapassar os limites do noticiável e adentrar no grotesco.

Na terça-feira (15), o A Tarde e o Correio* traziam fotos de Diogo Nogueira, 22, estudante do curso de Medicina da UFBA, preso em flagrante com três crianças em sua casa de praia em Abrantes. No momento da prisão ele jogava videogame com os meninos, mas a acusação foi baseada em uma denúncia do pai de uma das vítimas e de materias encontrados em seu computador. E em depoimento à polícia ele confessou ter abusado sexualmente de dez crianças, entre elas alguns seriam seus irmãos menores.

Detalhes sórdios e signos

No computador foram encontrados arquivos com relatos textuais de alguns dos abusos, além de fotos dos crimes. O estudante afirmou que o material era utilizado para lembrar do que tinha feito e, através das imagens e textos, tentar não voltar a repetir os atos. O A Tarde recebeu o santo do bom senso e se limitou a dizer que o conteúdo era impublicável. Parou por aí e eu segmento à matéria, falando sobre a investiação do caso, materiais apreendidos e sobre a terapia que Diogo estava fazendo para se tratar do problema. O jornal só escorregou na banana ao trazer um número de vítimas bem maior que o Correio* (a publicação de Simões falou que eram 17, enquanto o de ACM Júnior disse dez) sem explicar de onde veio a informação. O Correio* pelo menos aspeou o número ao jovem.

E o jornal da Rede Bahia, seguindo a linha editorial que adotou recentemente, desceu o nível: descreveu as imagens em detalhes, citando uma variedade de formas de abuso que nada acrescentam a matéria, ao fato jornalístico. São detalhes de um crime que, por si só, já choca a sociedade brasileira. As informações foram usadas a serviço do infoteinment. E nisso se estruturou toda a cobertura do veículo.




A capa do dia foi um prato cheio tanto para preconceitos quanto para críticas. Estarrecedora, horrorosa do ponto de vista jornalístico. O fundo vermelho traz a cor-símbolo do sangue, do escatológico, do violento. E a manchete, então... "A FACE DO MAL", em negrito, corpo gigante e capitulado. Abaixo, uma foto em close do estudante. Em comportamento infelizmente típico de muitos veículos, o Correio* saiu da posição de relator dos fatos e tomou para si a função de juiz -- ou, mais grave, de um deus. Personificou, em um jovem estudante acusado de pedofilia, o mal. Pronto, não importam as circunstâncias: ele teria cometido o crime por pural maldade, cueldade e más inclinações de caráter. Um safado, pervertido. Mal em sua essência e forma humana.


Construção
O Correio* utilizou todos estes detalhes e signos visuais/textuais para constriur uma imagem do acusado, ou melhor, reforçar a sua posição de vilão já colocada em virtude do crime que cometeu -- elementar: mídia nenhuma vai considerar vítima ou moçinho um acusado de pedofilia. Mas o que se tratou de fazer foi usar estes dados para criar um criminoso que seria o alvo perfeito de pré-julgamentos externos e que deve chocar a todos mais que os outros pedófilos: um jovem de classe média, olhos verdes, calmo, inteligente, doce, estudante exemplar, acima de qualquer suspeita segundo seus amigos e colegas, mas que seria um pervertido por dentro. Um garoto de duas faces, talvez.

Diogo afirmou estar em tratamento contra o problema há cerca de dois anos -- os pais, inclusive, sabiam de suas inclnações. Alegou ser uma pessoa doente e que tinha consciência de seus atos, mas que desconhecia sua origem, suas causas; disse que fez medicina para tentar entender o que passava em sua mente e que queria que o que aconteceu com ele ajudasse a tornar a pedofilia um assunto menos negligenciado, porque "ninguém se interessa em pesquisar a origem de um monstro."

O próprio perfil de Diogo enquanto acusado já é peculiar. Mas, com estas declarações, Diogo deixaria em definitivo de ser um "pedófilo comum" do ponto de vista da cobertura jornalística. Aparentou uma lucidez pouco mostrada -- ou buscada -- pelas matérias, que se limitavam a enquadrar os presos por este tipo de crime como pervertidos e cruéis, pais ignorantes que abusavam de filhas/filhos e outras crianças por deliberado prazer e "safadeza". O Correio* fez uma cobertura do caso maior que os outros jornais e obteve estas declarações, inclusive, em uma entrevista com o jovem que ganhou espaço separado na reportagem. Mas pouco proveito tirou disso. Positivo, pelo menos.

O posicionamento de um acusado de pedofilia como vilão parte de um senso comum sobre a óbvia carga negativa deste tipo de crime. Mas não se pode utilizar este elemento como muleta para uma cobertura torta e que ignora pessoas a exemplos de amigos, colegas e parentes que não conheciam este comportamento do garoto, e que agora recebem esta enxurrada estarrecedora de informações que tangem o sórdido. Deixa-se de lado, também, o próprio protagonista da história. É valido questonar: todos os pedófilos podem ser mesmo colocados em um mesmo caldeirão, considerados "farinha do mesmo saco", gente de uma mesma laia, vilões e pervertidos?

domingo, 13 de setembro de 2009

YES, WE CAN - Por Malu Fontes

Texto apresentado no jornal A Tarde deste domingo 13 de setembro:

Sim, nós podemos. Podemos, aqui, promover e assistir barbáries iguaizinhas às das grandes metrópoles. Como se espera do caos quando o ordenamento social não contempla as demandas que explodem aqui e acolá, as cenas que há duas semanas impuseram-se nas ruas de Heliópolis, a maior favela de São Paulo, ganharam versão local desde o fim de semana, em bairros da periferia e do centro de Salvador. Ônibus queimados, módulos policiais bombardeados e policiais atacados foram o contraponto dissonante para a Bahia festeira que já começava a sacolejar-se sob o som dos tambores do Olodum e da animação de Galvão Bueno diante da presença da seleção brasileira de futebol na cidade.

O roteiro das cenas daqui parece ter pontos ainda mais negativos. Afinal, os incêndios e quebra-quebras paulistanos alegavam como motivo o assassinato real, pela Polícia, de uma estudante inocente, que deixou órfã uma filha. Aqui, o motivo, real ou não (dificilmente se saberá), teria sido a transferência de um traficante de uma prisão de Salvador para um presídio federal de segurança máxima, no Mato Grosso do Sul. A Secretaria de Segurança Pública anunciou imediatamente que a ação criminosa era uma manifestação dos bandidos reagindo à eficiência e ao combate da Polícia ao tráfico. As imagens de um cobrador de ônibus com os braços completamente queimados são, no entanto, difíceis de serem digeridas como tradução de qualquer forma de eficiência.

MALAS - Mas, enquanto as imagens e manchetes dos jornais impressos de Salvador exibiam cenários do inferno, acessíveis na Internet desde as primeiras horas da manhã de terça-feira, o telejornal de maior audiência da cidade, quem sabe numa tentativa de adotar a filosofia de não falar logo da morte do gato, mas da subida ao telhado, abriu sua edição com um tipo de informação sem a qual o telespectador que gosta de informação não poderia viver. A notícia de abertura do Jornal da Manhã (TV Bahia/Globo) foi nada menos que as centenas de pessoas de caras amassadas, despenteadas e sonolentas que desembarcavam na Rodoviária após o feriado.

Ante a comparação entre a relevância das manchetes disponíveis na Internet e a da interminavelmente longa matéria na TV sobre o retorno do feriado, o telespectador não poderia se furtar a uma pergunta impossível de ser respondida com os substantivos e adjetivos que merece: o que vai pela cabeça de um profissional de comunicação, responsável pela pauta do primeiro telejornal do dia da emissora de maior audiência da terceira capital do país, quando, numa cidade em clima de convulsão social, exporta uma repórter para a Rodoviária para ouvir trocentas pessoas que não têm nada a dizer sobre coisa alguma? Em determinado ponto das entrevistas, todas feitas à queima-roupa, quando o povo descia dos ônibus, configurou-se ainda mais nítido o pesadelo telejornalístico matinal oco. A repórter queria porque queria saber por que as pessoas desembarcavam com ‘tantas malas de uma viagem de apenas três dias’.

GALOS - Como o dia não estava mesmo para acerto profissional, o azar predominou nas entrevistas. Nove entre 10 dos entrevistados encurralados com câmera, luz, microfone, e até a mão da repórter, não estavam retornando de feriado algum. Havia quem vinha a Salvador para o jogo do Brasil e o mais comum e que só a TV não sabe: inúmeras pessoas que, sem estrutura de assistência médica em seus municípios, vêm para a capital de ônibus em busca de tratamento médico eletivo. O ministro Gilmar Mendes, se tiver pensado, além do cozinheiro, do açougueiro e outros eiros, em exemplos jornalísticos desse quilate, talvez tenha sido sensato quando julgou por bem atirar o diploma de jornalista na lata do lixo. Pior que isso, só mesmo ganhar a vida profissional como jornalista estimulando brigas estúpidas de vizinhos pobres em quadros de telejornais populares. Ou alguém é cara de pau o suficiente para justificar como o argumento do interesse público a transmissão televisiva quase cotidiana de briga de vizinhos de periferia? Por que não vão aos edifícios de luxo da Vitória, do Horto, do Itaigara e bairros afins fazer matérias sobre os barracos causados por madames e senhores que não pagam o condomínio há anos ou ignoram vazamentos sobre o apartamento de baixo? Considerando-se a viralatice desse tipo de jornalismo, não passariam sequer perto dos portões de entrada. Mostrar marias das couves desdentadas e descabeladas brigando no quintal é coisa bem pior que colocar cachorros ou galos de briga para se estropiarem. E não custa lembrar que, por promover briga de galo, o premiado, poderoso e milionário Duda Mendonça acabou preso. E para quem promove briga de desdentadas, nada?

Yes, we can. Podemos, em Salvador, afundar mais na lama, tanto vendo surtos de convulsão social, supostamente promovidos pelo banditismo por causa de um traficante grandão exportado para a cadeia de outro estado, como nos assombrar vendo, em um dia absurdamente incomum para a rotina social da cidade, que os pauteiros da principal emissora de TV consideram que o telespectador tenha interesse em saber que diabos uma senhorinha que cruza o estado em busca de uma consulta médica tanto carrega em sua malinha.

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Malu Fontes é jornalista, doutora em Comunicação e Cultura e professora da Facom-UFBA. maluzes@gmail.com

sábado, 12 de setembro de 2009

Trocadilho infame

No site do Bahia Notícias, uma nota anunciou a contratação da professora Jaqueline como dançarina da banda O Troco (os personagens são daquele vídeo da música "Todo Enfiado" em que ela dança com quase tudo de fora no palco). Valeu a pena foi ler o trecho que comenta o show "beneficente" que a banda fez para angariar recursos para a magistrada, desde junho desempregada:

"A renda do show será toda enfiada na conta de Jaqueline, que até então estava desempregada."

Isso é que é não perder um gancho.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Globo e Marina Silva

A cobertura "mal começou", mas nós estamos de olho e metemos a língua. Recebi hoje, por e-mail, do blog do jornalista Altino Machado, um post dele sobre a cobertura que o jornal O Globo pretende fazer sobre a candidatura de Marina Silva à presidência da República em 2010 pelo Partido Verde. Veja um trecho:

"Orientações específicas da direção do jornal O Globo para a cobertura da campanha de Marina Silva: mantê-la presa ao tema ambiental, destacar todas as declarações que a contraponham a Lula e a Dilma, apresentá-la como uma candidata idealista, dar destaque a declarações de militantes e aprofundar a ruptura com o PT."

No post, ele anuncia o que o enquandramento que jornal pretende dar à candidata e analisa a possível criação de uma "editoria Marina Silva". Vale a pena ler e ficar alerta. O texto completo você confere aqui.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Esqueceram a manchete

No G1, publicado esta tarde, sobre um acidente ocorrido ontem em Salvador:


A própria notícia afirma que cerca de dez pessoas ficam feridas (outros veículos disseram que o número chegou a 15) e a manchete é o veículo ter atingido um outdoor? É este o acontecimento que dá a dimensão do acidente e revela a consequência mais forte do desvio de uma perseguição policial?

Cada veículo e seus critérios de manchetagem peculiares...

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Meta a língua você também!
Sugestões, críticas e (principalmente) elogios, escreva para metalinguanaimprensa@gmail.com.

Roubando o crédito

Mais uma do Correio*. E edição deste domingo deu uma barrigada na fome de ter crédito por um ineditismo que não é dele. Repercutindo a morte de Gilvan Cléucio de Assis, que confessou ter assassinado a médica Rita de Cássia Martinez no mês passado após sequestrá-la em um shopping da cidade, o jornal entrevistou o marido dela, Márcio Luís Alves Martinez.



O problema está logo acima: o Correio* diz que o viúvo falou pela primeira vez sobre a morte da esposa, quando, na verdade, ele já havia falado com a TV Band Bahia poucos dias após o crime, quando o suspeito de matar Rita ainda não havia sido encontrado.

Que coisa feia, hein? Roubando o crédito dos outros... Isto não é coisa de jornal impresso que se orgulha de "ter crescido" tanto no mercado editorial da Bahia.

Nem dá pra esperar um "nós erramos..."

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Falha nossa: mataram os mortos

O Globo publicou uma notícia que é um exemplo forte do critério de noticiabilidade "ineditismo": mataram dois mortos no Rio de Janeiro.


Só não tá pior que Michael Jackson, que deve ter sido enterrado (e até renascido em vídeos da internet) zilhões de vezes.

Via Blog dos Malvados.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O quarentão do telejornalismo brasileiro

O Jornal Nacional é quarentão. Cheio de méritos e deméritos, o telejornal de maior audiência do país completa hoje quatro décadas no ar tendo encabeçado grandes coberturas jornalísticas e, também, boas polêmicas dentro do jornalismo devido a algumas decisões editoriais.

Update

Desde que decidiu renovar o cenário do JN em virtude de seu aniversário, a TV Globo fez o maior mistério sobre o caso, com medo de que a concorrência -- vulgo Record -- a copiasse, já que ela é boa nisso, mesmo. O repórter Flávio Fachel antecipou algumas coisas sobre o novo cenário no seu Twitter e, conforme ele falou, o novo cenário não veio tão cheio de novidades assim. Mas, também, convenhamos: depois da mudança ocorrida no ano de 2000, quando a Globo espraiou o conceito de newsroom nacionalmente, não dava pra esperar outra grande mudança.

Mas a Globo não fez pouco do aniversário de seu maior produto jornalístico, não. Deixou a escalada para segundo plano e abriu o telejornal, ao vivo, com Fátima Bernardes e William Bonner explicando as mudanças para o telepectador (será que, por que elas foram um tanto quanto "pequenas", eles acharam que o público precisavam de uma explicação?).

Assista ao vídeo com a abertura do JN de ontem com as explicações das mudanças:

O azul permanece a cor predominante (ganhou até um pouco mais de espaço que o branco), mas o vermelho famoso por "fazer o recheio" do logo do JN na década de 90 está de volta; presente, mas, discreto. A ideia é comunicar que, assim como a cor, o Jornal Nacional estaria ficando mais quente. O povo tava pedindo, né?

A bancada está mais "Apple", branca, clean... E os monitores dos apresentadores, putz, devem ter custado horrores: a Globo caprichou na tecnologia e instalou monitores finíssimos na bancada (segundo minha mãe, quebram se Fátima espirrar). Ponto pra beleza e pra tecnologia. A cara da Globo, isso.

As editorias ficaram, literalmente, no segundo plano. Animações que identificam o tema são passadas em uma videowall lááá atrás, no fundo da redação -- redação esta que, enfim, aparece enquanto o jornal é executado; antes, só nos travellings de abertura e encerramento do JN. Acima, um globo enorme gira durante o jornal (o truque para ele ser mantido ali girando é "segredo de estado", segundo Bonner); reportagens internacionais são abertas com um mapinha que indica de que região saírá o repórter; os créditos de reportagens estão com um design mais clean, ocupando menos da tela.

Não deve ser só físico

O desafio do Jornal Nacional agora é manter a audiência pra seguir por mais bons anos como referência no telejornalismo brasileiro (para o bem ou para o mal, é tudo uma questão de referencial). Globos girando e poderio tecnológico à parte, as últimas décadas e as ações da concorrência mostraram que coisas assim não são suficientes para manter um telejornal isolado na liderança. Tudo bem: o JN continua com uma média boa de pontos (35 de audiência com pouco mais de 50% de participação), mas já não é o mesmo de 20, 30 anos atrás (e nem deveria, né?).

Um público mais atento e uma concorrência mais voraz: a Globo não pode subestimar nenhum destes dois lados e deve renovar suas abordagens para conquistar a tão desejada audiência. O update também é na cabeça, família Marinho.

Novelas brasileiras na CNN

Coloco aqui um vídeo que descobri através de Patrícia Kogut. Trata-se de uma matéria do canal CNN que fala sobre o quanto as novelas são populares no Brasil. "Quando pensamos em popularidade e obsessão internacional, o futebol, é claro, vem à mente. Mas também há as telenovelas brasileiras", diz o apresentador.

Caminho das Índias, sucesso de audiência do momento, é o gancho da matéria; sobram elogios pra Bruno Galiasso, inclusive. Mas também dá pra conferir depoimentos de Manoel Carlos e Carolina Dieckmann, comentando, inclusive, uma forte cena de Laços de Família.

Falem o que quiser mas, novelas, a Globo sabe fazer bem.

Confira a matéria abaixo. (Toda em inglês. Desculpem-me, mas não encontrei o vídeo legendado).

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Como estragar um bordão de novela

A capa desta quarta-feira do Correio* ensina a, além do citado no título, como deixar sobrando um nome de novela "só pra não perder o gancho".


Sem comentários. Mas sinta-se à vontade pra comentar abaixo.

domingo, 16 de agosto de 2009

Metalíngua na Imprensa - O Retorno

Depois de seis meses de férias, o Metalíngua na Imprensa volta à ativa!

As férias foram do blog, mas não de sua autora: precisei do tempo fora pra fazer o meu upgrade -- de estudante de jornalismo para Jornalista. É com J maiúsculo mesmo, até porque, apesar do que alguns colegas meus andam escrevendo e falando por aí (e que você confere por aqui), tenho muito orgulho da conquista do meu diploma. E neste meio tempo você e eu ainda vimos Gilmar Mendes derrubar justamente a exigência do diploma para o exercício da minha profissão... Mas é isso mesmo, caro leitor: se o universo jornalístico não fosse tão cheio de voltas e reviravoltas, blogs como este não estariam no ar. ;)

O Metalíngua dá as caras novamente, quase mudando de plataforma, mas ficando por aqui mesmo, no blogspot. No upgrade, você, leitor, confere a atuação no Twitter (que você também acompanha ao lado), novas cores e um novo integrante metendo a língua: é com prazer que anuncio a vinda de Filipe Costa, estudante de jornalismo irrequieto e com uma língua afiada. Juntos, vamos seguir com a missão de fazer crítica de mídia inteligente, renovada, leve e com um toque de humor.

Voltamos em um contexto bem interessante: Record e Globo se engalfinham no ar e ao vivo, Gripe A, consequências de uma crise, crise no Senado (com direito a pedidos frequentes e populosos de saída do seu presidente), o vai-e-vem de profissionais entre as emissoras, pra não falar de muitas outras coisas. Por isso mesmo, voltamos com a língua toda!

Erros no ar, textos mal escritos, avaliações sobre notícias e reportagens, enquadramentos estranhos (nas palavras e nas câmeras), manchetes que mereçam, pelo bem ou pelo mal, destaque, os bastidores da mídia: tudo isso e mais você vê aqui, no Metalíngua na Imprensa.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Férias prolongadas

Como você deve ter percebido, o blog andou em hibernação no último mês... pois é, agora ele vai dar uma descansada mesmo. Por atribulações pessoais e de ordem monográfica, este blog vai entrar em um recesso prolongado, retornando em julho. Você deve estar pensando "vai, se você não quer desativa logo este blog de vez", mas não é que eu não o queira, caro e raro leitor. O que eu não quero é fazer mal-feito, pra ficar atualizando mensalmente sem tempo de fazer um post decente... afinal, você merece algo digno de ser lido.

Em julho nos reencontramos, com conteúdos inéditos e, como sempre, de qualidade, sobre as coberturas jornalísticas do país e do mundo. Daqui até lá, convido-o a vasculhar o meu arquivo (vamos lá, não é tão extenso assim) e dar uma olhadinha nos posts antigos pra matar a saudade. Para um pouco de atualidade, visite os endereços que recomendo ao lado.

Ah. Se tudo der certo, em julho eu mudo a minha descrição de "estudante de jornalismo" para "jornalista". ;)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Olha, você, o que tá acontecendo...

O Olha Você, do SBT, foi criado para ser o produto de Silvio Santos a fazer parte da categoria de programas como Mais Você, da Globo, e Hoje em Dia, da Record. Mas o OV ainda não se encontrou, aliás, como muita coisa ainda no seu canal.

O ibope da atração não estar agradando e a dinâmica entre os quatro apresentadores nao é muito boa -- já soube até de pitis nos bastidores entre Claudete Troiano e Ellen Jabour. Coincidência ou não, o site da atração lembra -- e muito -- o layout do concorrente global. (confira abaixo)

E até no quesito notícias a coisa não anda muito bem. Em dia de sexta, o Olha Você exibe um resumo da semana, com as principais notícias que foram ao ar nos dias anteriores. A idéia é ótima, mas mal cumprida. Quem não conseguiu acompanhar o noticiário, é analfabeto ou está com a imagem ruim na TV, não consegue saber o que se passou no Resumão. A produção do programa simplesmente coloca uma seleção de imagens com a sigla do estado em cima e uma espécie de retranca embaixo. Não consegui um vídeo pra mostrar aqui, mas o resultado é você vendo, por exemplo, a sigla SP com a retranca "momentos de terror" e imagens de um cativeiro ou de uma pessoa presa. O que foi que aconteceu, quando aconteceu, como aconteceu? Vá na internet pra saber... Nem uma linhazinha é dita sobre as notícias.

Nem tudo dá pra pegar no ar, e televisão não pode trabalhar com esta premissa. Cadê os jornalistas da equipe pra colocarem um texto neste Resumo?

Falha Nossa: Gato na previsão do tempo

Você já ouviu falar de previsão do tempo apresentada por homens, mulheres, pessoas semi-nuas (ou você já esqueceu dos jornais com topless que rolaram há alguns anos na Europa?) e até em noivado na hora de informar se vai chover ou não.

E um animal, mais precisamente um gato? Foi o que quase aconteceu com uma emissora alemã. O apresentador Jörg Kachelmann foi surpreendido por um rabinho passando na parte de baixo quando ele falava sobre as massas de ar quente e ar frio na Alemanha. Não aguentando sentir o bichano roçando em suas pernas (e com medo do mico ser maior, certamente), ele pegou o gato no colo e ficou com ele, tranquilo, até o final do boletim. Um detalhe: fazendo até carinho...



De acordo com a Reuters, Lupin, o gato, pertence a um funcionário da emissora que está viajando. E como raios este gato entrou (e ficou!) no estúdio?

Vi no site de Patrícia Kogut, direto para o Falha Nossa.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Regras jornalísticas (sic) sobre o Oriente Médio

Gasto de neurônios. De energia. De vidas. Estão no ar há mais de uma semana as ofensivas recíprocas de Israel X Palestina. A disputa, a guerra, e o egoísmo fazem mais vítimas. Que estresse dos governantes dos dois países que nada; quem sofre mesmo são os civis, muitos que não têm nada a ver com isso e estão mais à frente, querem paz. Uma disputa desigual -- são, até agora, 555 mortos do lado palestino e 5 do lado israelense. E vemos George W. Bush se despedir de seu governo com as mesmas atitudes do resto dos oito anos, pró-bélicas: Israel tem o direito de "se defender". A que preço?

Mais que reproduzir, a mídia internacional assiste a tudo de camarote, reproduzindo discursos das grandes potências. Abaixo, um texto de autoria anônima que recebi por e-mail, e que teria sido enviado por um leitor ao site da Agência Carta Maior. Ele me lembrou um um pouco aqueles discursos radicais, mas tem um generoso fundo de verdade; vale refletir.

Doze regras de redação da grande mídia internacional quando a notícia é sobre o Oriente Médio:

1. No Oriente Médio, são sempre os árabes que atacam primeiro e sempre Israel que se defende. Esta defesa chama-se "represália".
2. Os árabes, palestinos ou libaneses não têm o direito de matar civis. Isto se chama "terrorismo".
3. Israel tem o direito de matar civis. Isto se chama "legítima defesa".
4. Quando Israel mata civis em massa, as potências ocidentais pedem que seja mais comedida. Isto se chama "reação da comunidade internacional".
5. Os palestinos e os libaneses não têm o direito de capturar soldados de Israel dentro de instalações militares com sentinelas e postos de combate. Isto se chama "seqüestro de pessoas indefesas."
6. Israel tem o direito de seqüestrar a qualquer hora e em qualquer lugar quantos palestinos e libaneses desejar. Atualmente, são mais de 10 mil presos, 300 dos quais são crianças e 1000 são mulheres. Não é necessária qualquer prova de culpabilidade. Israel tem o direito de manter seqüestrados presos indefinidamente, mesmo que sejam autoridades democraticamente eleitas pelos palestinos. Isto se chama "prisão de terroristas".

7. Quando se menciona a palavra "Hezbollah", é obrigatório que a mesma frase contenha a expressão "apoiado e financiado pela Síria e pelo Irã".
8. Quando se menciona "Israel", é proibida qualquer menção à expressão "apoiado e financiado pelos EUA". Isto pode dar a impressão de que o conflito é desigual e que Israel não está em perigo de existência.
9. Quando se referir a Israel, são proibidas as expressões "territórios ocupados", "resoluções da ONU", "violações dos direitos humanos" ou "Convenção de Genebra".
10. Tanto os palestinos quanto os libaneses são sempre "covardes", que se escondem entre a população civil a qual "não os quer". Se eles dormem em suas casas, com suas famílias, a isto se dá o nome de "covardia". Israel tem o direito de aniquilar com bombas e misseis os bairros onde eles estão dormindo. Isto se chama "ação cirúrgica de alta precisão".
11. Os israelenses falam melhor o inglês, o francês, o espanhol e o português que os árabes. Por isso, eles e seus apoiadores devem ser mais entrevistados e ter mais oportunidades do que os árabes para explicar as presentes 'regras de redação' (de 1 a 10) ao grande público. Isso se chama "neutralidade jornalística".
12. Todas as pessoas que não estão de acordo com as 'regras de redação' acima expostas são "terroristas anti-semitas de alta periculosidade".

domingo, 4 de janeiro de 2009

Falando de TV

De volta das mini-férias...

Em 2008, passei a companhar o blog de Patrícia Kogut, que conheci através da newsletter do jornal O Globo On-line. A autora fala sobre a televisão e seus bastidores, tanto de canais abertos e fechados. Eu, que sou uma viciada em TV e adoro acompanhar o que este tubo oferece na área de entretenimento (ou você acha que eu só vejo jornal?), me fidelizei. E vale ressaltar: apesar de conter alguns fatos de backstage, o site não é de fofocas; quem quiser saber disso vai pro Ego e estará bem servido.

Não sei se por demanda ou por "filiação profissional", mas lá é um bom local para saber das novidades e informações de novelas e atrações da TV Globo. Mas se engana que acha se trata de puro corporativismo. Com frequência, Patrícia critica as novelas e séries da emissora, inclusive colocando-as na seção Nota 10 / Nota 0 -- e dá pra ver várias notas mínimas inclusive pra campeã de audiência A Favorita; uma delas falava até da câmera, que tremia de deixar o telespectador tonto (adjetivo dela) em uma certa cena.

Elogios - Dá pra destacar vários pontos positivos da página de Kogut; o primeiro, de que já falei acima, é o senso crítico ativo da autora. De um modo geral, os posts costumam ficar nos fatos e notícias do segmento. Mas tanto na seção Nota 10 / Nota 0 quanto nos seus textos, ela coloca sua opinião à tona de forma precisa, direta e fundamentada (não estou aqui dizendo se concordo ou não com tudo o que ela diz...). Mas acho que isso poderia ser feito com mais frequência (sem trema agora), afinal, o formato permite. Foram poucas as vezes em que vi posts puramente opinativos, em que ela se dispõe a analisar um produto, como neste aqui sobre a novela Três Irmãs.

Meus outros dois elogios vão para dois caracteres elementares do formato blog que ela segue muito bem: a interatividade e o dinamismo. Os leitores estão sempre mandando e-mails para a blogueira, além de enviarem, diariamente, suas sugestões de notas 10 e 0. É tudo além do bom e velho comentário. Não só este canal é aberto e ativo como ela o expõe, coloca no ar a opinião do leitor sobre os produtos que ela analisa. No site, ela e leitores constroem uma relação estreita. Na lateral esquerda do blog, você pode ver as notas dos leitores e enviar a sua. Sobre o segundo ponto, quem acessa o blog com frequência percebe que Kogut atualiza sua página todos os dias, várias vezes por dia (na casa de ferreiro o espeto é de pau, leitor, mas dê um desconto, tenho faculdade e emprego...). Como a internet e a TV, Patrícia é dinâmica, ativa.

Outro ponto positivo para a abrangência do objeto. A autora consegue lidar muito bem com a demanda de falar sobre séries e programas de canais diversos da TV aberta e fechada, nacional e internacional. Mas, elementar, há uma concentração nos canais abertos, mais acessíveis.

Mas uma coisa fundamental em um blog é a presença de hiperlinks, e isso ela não tem. Quando ela cita programas e redes de TV com sites ela não coloca os links nas palavras. Por vezes em que ela simplesmente digita o link, o leitor tem que copiá-lo e colocá-lo no navegador. Update, né, Kogut?

Concorrente - O blog Teleguiados, de Cristina Padiglione, é do mesmo segmento. Ele está dentro dos blogs do Estadão, e seu conteúdo é menos concentrado nas novelas da globo. Eu o conheci há poucos dias, e não tenho tantos elementos para formar uma opinião sobre ele quanto tive com o de Patrícia. Mas, desde já, percebi que Cristina é mais opinativa -- são sequências em que ela analisa/critica/elogia produções da TV. E sua língua ainda me pareceu mais ferina... No entanto, o ponto negativo vai para a frequência da atualização. Ela já deixou um espaço de até 19 dias sem postar, isso sem estar de férias. O último post dela, até a publicação deste texto, data do dia 30 do mês passado.