terça-feira, 1 de setembro de 2009

O quarentão do telejornalismo brasileiro

O Jornal Nacional é quarentão. Cheio de méritos e deméritos, o telejornal de maior audiência do país completa hoje quatro décadas no ar tendo encabeçado grandes coberturas jornalísticas e, também, boas polêmicas dentro do jornalismo devido a algumas decisões editoriais.

Update

Desde que decidiu renovar o cenário do JN em virtude de seu aniversário, a TV Globo fez o maior mistério sobre o caso, com medo de que a concorrência -- vulgo Record -- a copiasse, já que ela é boa nisso, mesmo. O repórter Flávio Fachel antecipou algumas coisas sobre o novo cenário no seu Twitter e, conforme ele falou, o novo cenário não veio tão cheio de novidades assim. Mas, também, convenhamos: depois da mudança ocorrida no ano de 2000, quando a Globo espraiou o conceito de newsroom nacionalmente, não dava pra esperar outra grande mudança.

Mas a Globo não fez pouco do aniversário de seu maior produto jornalístico, não. Deixou a escalada para segundo plano e abriu o telejornal, ao vivo, com Fátima Bernardes e William Bonner explicando as mudanças para o telepectador (será que, por que elas foram um tanto quanto "pequenas", eles acharam que o público precisavam de uma explicação?).

Assista ao vídeo com a abertura do JN de ontem com as explicações das mudanças:

O azul permanece a cor predominante (ganhou até um pouco mais de espaço que o branco), mas o vermelho famoso por "fazer o recheio" do logo do JN na década de 90 está de volta; presente, mas, discreto. A ideia é comunicar que, assim como a cor, o Jornal Nacional estaria ficando mais quente. O povo tava pedindo, né?

A bancada está mais "Apple", branca, clean... E os monitores dos apresentadores, putz, devem ter custado horrores: a Globo caprichou na tecnologia e instalou monitores finíssimos na bancada (segundo minha mãe, quebram se Fátima espirrar). Ponto pra beleza e pra tecnologia. A cara da Globo, isso.

As editorias ficaram, literalmente, no segundo plano. Animações que identificam o tema são passadas em uma videowall lááá atrás, no fundo da redação -- redação esta que, enfim, aparece enquanto o jornal é executado; antes, só nos travellings de abertura e encerramento do JN. Acima, um globo enorme gira durante o jornal (o truque para ele ser mantido ali girando é "segredo de estado", segundo Bonner); reportagens internacionais são abertas com um mapinha que indica de que região saírá o repórter; os créditos de reportagens estão com um design mais clean, ocupando menos da tela.

Não deve ser só físico

O desafio do Jornal Nacional agora é manter a audiência pra seguir por mais bons anos como referência no telejornalismo brasileiro (para o bem ou para o mal, é tudo uma questão de referencial). Globos girando e poderio tecnológico à parte, as últimas décadas e as ações da concorrência mostraram que coisas assim não são suficientes para manter um telejornal isolado na liderança. Tudo bem: o JN continua com uma média boa de pontos (35 de audiência com pouco mais de 50% de participação), mas já não é o mesmo de 20, 30 anos atrás (e nem deveria, né?).

Um público mais atento e uma concorrência mais voraz: a Globo não pode subestimar nenhum destes dois lados e deve renovar suas abordagens para conquistar a tão desejada audiência. O update também é na cabeça, família Marinho.

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