domingo, 18 de outubro de 2009

As manchetagens do asterisco

Nossa, a cada dia me vejo inspirada a criar uma editoria própria para as manchetes do Correio*. Mas não que o merecimento de uma tag própria seja por mérito. E os deméritos foram tantos que nem dá pra lembrar -- mas cito alguns. O jornal já personificou o mal em um jovem acusado de pedofilia (você viu isso aqui), misturou Índia com o futebol baiano (você também viu isso aqui), tratou como novidade, quase um disparate, o caso de um policial militar prender outro em flagrante por desacato (desde quando isso não pode?), culpou Rubens Barrichelo pela mola que se soltou do nada e atingiu Felipe Massa ("viu o estrago, Rubinho?")... Isto em edições anteriores. A de hoje merece um intertítulo à parte.

Metralhadora - Já começa na capa -- Rubinho foi o alvo outra vez. Em referência ao fato de, até então, ser o único brasileiro com (fortes!) chances de vencer o campeonato da Fórmula 1 deste ano, o jornal escreve "O jeito é levar fé em Rubinho!", como se isto fosse algo doloroso, de quem não tem mais esperanças e está no corredor da morte.

Na página 3, a primeira notícia do jornal relata a guerra contra o tráfico de drogas na capital Rio de Janeiro, em que, além de muitos mortos, um helicóptero foi abatido a tiros esta semana. O título é megalomaníaco: "Pior, só no Iraque". Acho que eles são realmente míopes. Ainda sobre violência, os apelidos utilizados por criminosos e traficantes na Bahia virou tema de matéria nas páginas 12 e 13. O título: "Galera do mal viaja em cada apelido!" Tá, gente, espera aí. Recursos de oralidade são uma coisa. Linguagem popular é outra coisa. Mas este título é sem comparação... Só faltou o "vú?".

Não digo que o jornal é de todo ruim. Conheço ótimos profissionais que fazem parte de seu quadro. E o veículo também traz temáticas interessantes em parte de suas reportagens. Mas o problema é confundir linguagem popular e acessível com subestimação de inteligência. O povo pode ser povo, mas não é otário.


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Se quiser sugerir uma "manchete do Correio*" para virar post aqui no Metalíngua, sinta-se à vontade! Escreva para metalinguanaimprensa@gmail.com.

2 comentários:

  1. Dolorido e doloroso. Fica só uma dúvida. O que significa o asterisco?

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  2. É uma referência ao símbolo do jornal, o asterisco (*) que segue o seu nome, Gabi. ;)

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