sábado, 12 de abril de 2008

A velha mistura de política e comunicação

Há tempos se sabe que a política não é autêntica no país. Há muito tempo se sabe que o jornalismo também não o é. É claro que se cabem exceções, mas estas se contam aos dedos... Quando estes dois lados se juntam sem as melhores intenções, os resultados nem podem ser bons nem favorecer a população.

A radiodifusão no Brasil esteve condenada desde sempre a estar desviada. A batalha pela democratização da comunicação é antiga, dura, e ainda está longe de ser vencida. A prova disso é que, hoje, cresceu o número de políticos donos de emissoras de rádio e TV. A notícia, publicada no Observatório de Direito à Comunicação no mês passado, entristece aqueles que tentam fazer da comunicação jornalística no país uma estância que seja, de fato, social.

São 271 políticos sócios ou diretores de emissoras de televisão e rádio (os meios com maior abrangência entre a população) que vão de encontro aos princípios democráticos e à Constituição (art. 54, cap. I). A maioria deles é formada por prefeitos (147), seguidos dos deputados estaduais (55), federais (48) e senadores (20). É um retrato triste de desrespeito às leis por parte daqueles que as fazem e que deveriam cuidar que elas sejam executadas. E o pior de tudo é que este total só abrange ligação direta com os veículos de comunicação, e não aqueles que têm relação através de parentes ou de terceiros, laranjas. Imagine se a pesquisa contasse com eles...

Leis para quem faz as leis – Eles fazem as leis da radiodifusão e deixam as brechas – e, se não há brechas, eles criam ou simplesmente esquecem que há leis. Tudo isso em prol de seus interesses individuais e partidários. Eles são donos, principalmente, de rádios menores e comunitárias, onde a atuação é mais discreta (quem dá atenção às rádios comunitárias, afinal? Só quem tem medo delas...) e mais direta, focada. A política para radiodifusão comunitária é outra que faz tristeza. Sobre isso, Dioclécio Luz escreveu um bom artigo no Observatório da Imprensa em referência ao triste aniversário de 10 anos da lei que regulamenta o serviço de Radiodifusão Comunitária. Vale a pena ler aqui.

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