quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Novos ares na imprensa baiana

A Bahia, em especial Salvador, vive um momento há muito não visto, se não inédito: uma grande renovação na sua imprensa. Na quarta-feira (27), estreou nas bancas o novo projeto gráfico do jornal Correio da Bahia, também com novo site.

O burburinho não era à toa. As propagandas em outdoors antecipadas do Jornal A Tarde, hoje líder de mercado isolado (detalhe, a mídia impressa na capital é pobre de opções, apenas três: ele, o Correio e a Tribuna da Bahia), não foram por nada. O novo projeto iria de fato balançar o mercado.

Tempos obscuros

O antigo Correio da Bahia, hoje apenas Correio*, passou quase 30 anos estagnado. Design antiquado e pobre, "sem-graça", sem atrativos para o leitor; sem boas artes e diagramação; conteúdo com textos fracos às vezes mal-escritos; viés político forte, com enquadramento de modo a defender o grupo político carlista e "descer a madeira" no resto; enfim, nada no jornal (exceto os tempos extintos do Caderno Correio Repórter), demonstarava credibilidade. O veículo seguia minguado, com índice de vendas que mal dava pra cobrir os prejuízos dos últimos anos. Os comerciais de assinatura mais vendiam os outros produtos do que o jornal, com assinaturas casadas e brindes.

A Rede Bahia, grupo de comunicação do jornal, precisou escolher: ou acabamos com ele, ou apostamos (e investimos pesado) num baita projeto de renovação. Com a morte de Antônio Carlos Magalhães, que tinha o timão do "navio RB", ficou mais fácil se desprender destes laços malditos que só traziam prejuízos ao grupo. A Rede escolheu apostar.

Mudança

Contratou-se a Innovation, empresa de consultoria que "determinaria" o que era necessário ser feito. Depois de meses, era hora de se parir o filho: em formato conhecido na Europa, o berliner, o jornal agora está menor, porém mais volumoso. Todo em cores, o novo projeto privilegia a fotografia e as artes (finalmente! Mal gráficos o Correio antigo tinha).

As notícias ficaram menores, e a produção é maior; o objetivo é seguir uma tendência de "leitores sem tempo", detectada pela empresa de consultoria aqui no estado. As matérias mais aprofundadas ganharam uma editoria específica, a Mais. A renovação veio, mas não se foge do outro gume da faca: saber que reportagens mais profundas ficaram reservadas a um só espaço determinado, e que o público cada vez diz ter menos tempo de ler jornal.

De uma publicação desinteressante, agora o jornal está atraente. Na banca de revistas em que comprei o primeiro volume, o revisteiro falou: "nunca vi este jornal sair tanto". A curiosidade e o frisson são grandes, afinal, é tudo novo. A linha editorial também mudou, e o "carlismo impresso" parece ter sido deixado de lado, em prol de mais credibilidade e maior venda. Mas acredito que a Rede Bahia receba um retorno positivo desta mudança. Entre os jornalistas e amigos que encontrei nesta quarta-feira, o Correio* parecia ter sido aprovado.

Na internet

O site também mudou, já era hora. Igualmente desinteressante, sem conteúdos exclusivos, lay-out pobre, com erros de formatação e digitação, agora ganha endereço novo, www.correio24horas.com.br. A equipe contratou mais gente para que o site passe a produzir o seu próprio conteúdo, não mais sendo o iBahia.com o único produto de internet da Rede Bahia. O Correio pode ser lido on-line, mas não mais impresso.


O lay-out é "a cara" do jornal, colorido, atraente, com notícias produzidas por todo o dia. Mas é um Folha On-Line baiano: não tem como acessar um e não se lembrar do outro. Clique aqui e veja a semelhança. E olha que o Folha passou por renovações na internet também.

O saldo do primeiro dia foi positivo, mas estamos de olho neste fenômeno.

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