domingo, 31 de agosto de 2008

Jornalismo anencéfalo

Estava lendo o Correio* de sábado quando vi nele uma coisa que me chamou a atenção: a nota reportava a liberação pela Justiça, em Porto Alegre, para que uma mulher abortasse um feto anencéfalo. Olha o que a nota diz:

A anencefalia significa, em sua tradução literal da etimologia, "falta de cérebro", mas nem todo anencéfalo não tem o órgão. Nem sempre se trata de um vazio na caixa craniana; o que pode ocorrer, também, são más formações durante a gestação que façam com que o cérebro seja apenas uma massa inútil dentro do corpo. Desvios genéticos podem fazer o cérebro vir pela metade, ou as conexões cerebrais não funcionarem. Enfim, o feto tem cérebro, mas ele não funciona.

No caso acima, a anencefalia não necessariamente pode significar falta do órgão, mas a nota faz você pressupor que sim. Se isso não é verdade, seria um erro grave de tradução por quem não procurou saber o que o termo "anencefalia" pode significar -- ou que sabia, mas ignorou. Pior do que a "presunção" de uma coisa ser outra, foi a ignorância do significado na Globo News, anteontem, no Jornal das Dez. O apresentador André Trigueiro, ao falar da votação sobre a liberação do aborto de fetos anencéfalos de um modo geral, usou a expressão "fetos sem cérebro". É o tipo de falha que não pode ser cometida; este nível de informação é elementar para quem vai escrever uma notícia sobre o tema.

Um comentário:

  1. é muito idiota quem tira a vida dos outros sem ao menos dar-lhe o direito da vida,queria saber o ques este acharia se fissessem isto com ele...ninguem tem direito a fazer isso com ninguem.

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