Sob o ainda risco de se figurar como uma predecessora do Caso Isabella, o Caso Escola Base reaparece na mídia (não na intensidade de divulgação que deveria ter). Segundo divulgou o Portal Imprensa, o grupo que hoje publica o jornal Folha de S. Paulo foi condenado pelos erros cometidos na cobertura do caso.
Catorze anos depois da tragédia midiática, o Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o Grupo Folha da Manhã a pagar uma indenização no valor de R$ 200 mil para o garoto R.F.N, que hoje tem 18 anos. Ele foi apontado em março de 1994, pelo jornal Folha da Tarde, como vítima de abuso sexual dos próprios pais.
O TJ argumentou que o jornal usou uma manchete "escandalosa e sensacionalista" que ultrapasou a liberdade de informar, e não preservou a honra moral de uma criança de, na época, quatro anos.
No preíodo, o jornal e outros meios de comunicação afirmaram que seis pessoas estavam envolvidas no abuso sexual de crianças na escola de educação infantil, localizada em São Paulo. As informações foram repassadas pelo delegado que conduzia o inquérito policial, a partir dos depoimentos de duas mães de alunos. O jornal colocou, na primeira página, a grotesca e tosca manchete: "Perua escolar carregava as crianças para a orgia".
A Folha da Manhã se defendeu afirmando que a manchete se limitou a reproduzir as informações oficiais. Até aí, menos mal. Mas o grupo também sustentou ter tomao todo o cuidado para evitar pré-julgamentos ou especulações de ordem subjetiva, e que não existiria prova de dano moral. Utilizando esta manchete? Deste jeito? Com muita razão a Justiça discordou.
Eu nunca tive o desprazer de ver a palavra "orgia" escrita num veículo de comunicação de tal forma. É angustiante e revoltante saber que certos veículos se prestaram e se prestam a tal papel. Esperemos que o mesmo não aconteça ainda em 2008.
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Escola Base não fica impune
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