Chamou-os de burros: disse que eles têm QI inferior em relação a outros estados. Afirmou, ainda, que o berimbau é uma prova da burrice dos nascidos no estado, visto que é um instrumento de uma corda só que não exige muito de quem o toca. Para completar, considerou o Olodum como uma escola de barulho -- "fica fazendo aquele pô-pô-pô-pô-pô-pô" -- cuja musicalidade de sua percussão é barulhenta por não ter o conjunto harmônico de uma sinfonia de Haydn ou Beethoven.

As estarrecedoras declarações ganaram merecida atenção da imprensa. A rádio Band News FM, que foi quem diculgou o conteúdo, conseguiu logo depois uma entrevista ao vivo com o reitor da UFBA, Naomar Almeida Filho -- é bom ressaltar que uma entrevista ao vivo na Band News local não é, definitivamente, algo comum. Os telejornais do dia 30 fizeram matérias repercutindo as afirmações (assista à matéria do BATV aqui) e pautaram a rotina dos baianos.
Os dias seguintes é que são definitivos para se analisar a cobertura. Programas popularescos, como o Que Venha o Povo, se limitaram a mostrar, além das opiniões dos mais diretamente atingidos pelos discursos do professor, que era o óbvio, uma seqüência de Povo Falas. As declarações do professor foram incessantemente repetidas, com direito a efeitos sonoros. Outros telejornais mostraram entrevistas com o reitor Naomar, como o Jogo Aberto, e o diretor da Faculdade de Medicina, como o Bahia Meio Dia.
O que se espera é que a explicitação destes preconceitos enrustidos possa trazer à imprensa discussões bem pertinentes e amplas, como a visão do baiano sobre o próprio baiano; racismo além do negro; o papel da musicalidade e de outros elementos afro na cultura da Bahia, dentre outras.
Paula.
ResponderExcluirOuvi a entrevista e o texto mostra com precisão a infeliz opinião do do Natalino.