sábado, 15 de março de 2008

Novos pecados e a velha mídia


Na segunda-feira (10), os sites e telejornais deram destaque a uma notícia que daria o que falar. No dia anterior, 9, foi publicado no L'Osservatore Romano (site em italiano) (publicação oficial do Vaticano) que o papa Bento XVI havia instituído novos pecados capitais. A justificativa para atualização da lista estaria no contexto global atual, que daria origem aos assim chamados por ele de “pecados sociais”.

Eu soube do fato através do Estadão e fiquei surpresa. O que me deixou boquiaberta foi um dos novos pecados. Veja que estratégia barata de convencimento: agora, segundo o catolicismo, manipulações genéticas – e isso, é claro, inclui os experimentos com células embrionárias – agora rendem uma vaga no inferno para quem fizer e não pedir perdão. (Calma, eu não estou sendo radical: não foi o próprio papa que disse que “o inferno existe”?) Considerar estes experimentos um pecado nada mais me parece do que uma tentativa mandatória e patética de proibir os católicos de concordarem com as pesquisas com células-tronco.

Além desse, como consta na lista da Santa Sé, o uso de drogas, a desigualdade social e a poluição ambiental estão entre os novos pecados capitais. O Vaticano atualizou a lista de pecados por causa da "realidade da globalização". A justificativa até que faz certo sentido. O que me chamou a atenção nisso tudo é a imprecisão acerca do assunto. Nenhuma matéria especificou quantos são os novos pecados, porque os tópicos são mais vagos e abertos. A maioria cita os quatro que eu disse anteriormente, mas acaba incluindo outros na lista. O próprio Estadão colocou sete novas infrações na sua tabela (veja a matéria aqui).

De um modo geral a cobertura deste fato foi pequena: muitos jornais televisivos deram simples notas sobre o assunto. Só o SBT Brasil teria feito uma matéria (se eu estiver errada, atualize este post fazendo um comentário). Tal mudança, por mais que os católicos estejam diminuindo no mundo, merece destaque, mas pouco se viu sobre o tema na TV. Já os sites publicaram o quanto souberam sobre a nova lista – e a maior capacidade de publicação e armazenamento deste suporte ajuda. O G1, inclusive, pôs no ar uma nota da repercussão da decisão de Bento XVI entre os Ortodoxos Russos. Eles ainda resistem em seguir o exemplo da Igreja Católica.

Para saber mais sobre os novos pecados, consulte o site do L'Osservatore Romano em italiano e em português.

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